A crescente emissão de gases de efeito estufa (GEE) é a principal força por trás das mudanças climáticas que estamos vivenciando. De acordo com o Relatório de Emissões Globais da Organização Meteorológica Mundial (OMM), as concentrações de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera alcançaram 419 partes por milhão (ppm) em 2022, os níveis mais altos em 3 milhões de anos. Esse aumento de gases como CO₂, metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOₓ) tem gerado um aquecimento global acelerado, com consequências que se intensificarão nas próximas décadas, caso não sejam tomadas ações drásticas.
Em 2024, a COP29, que ocorrerá de 11 a 22 de novembro em Baku, Azerbaijão, será um dos maiores momentos de decisão política para reverter esse quadro. A Conferência das Partes (COP) tem como objetivo principal acelerar o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris, que estabeleceu a meta de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais até 2100. Para que essa meta seja alcançada, o mundo precisaria reduzir suas emissões líquidas de CO₂ em 50% até 2030 e atingir zero emissões líquidas até 2050.
O Impacto nos Próximos Dez Anos e a Urgência da Redução de Emissões
A próxima década será crucial. Se não houver uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, o cenário de 2030 será catastrófico. O IPCC, no seu relatório de 2023, alertou que sem uma ação imediata, o mundo pode enfrentar um aumento de temperatura de 1,5°C a 2°C até 2030, o que resultaria em inundações mais severas, escassez de água em várias regiões, e uma perda irreversível de biodiversidade. O aquecimento de 2°C aumentaria em até 20% a frequência de eventos climáticos extremos.
Em termos econômicos, a inação climática pode custar ao mundo cerca de 10% do PIB global até 2050, de acordo com o Relatório de Riscos Climáticos Globais do Fórum Econômico Mundial. Além disso, milhões de pessoas poderão ser deslocadas de suas casas devido ao aumento do nível do mar e ao colapso de ecossistemas essenciais para a segurança alimentar e hídrica.
Tecnologias Inovadoras para a Construção Sustentável: O Concreto como Exemplo
Um dos setores que mais contribui para as emissões de CO₂ é a construção civil, especialmente devido ao uso do concreto, um dos materiais mais utilizados na construção de infraestruturas urbanas. O processo de fabricação do cimento, principal componente responsável pela pegada de carbono do concreto, é responsável por uma significativa parcela das emissões globais de CO₂, devido à sua alta demanda de energia e ao uso de calcário em sua produção.
Contudo, novas tecnologias estão surgindo para reduzir a pegada de carbono do concreto, e essas inovações são essenciais para o avanço da construção sustentável. Entre as mais promissoras, destacam-se:
Cimento de Baixo Carbono: Uma das abordagens mais diretas para reduzir as emissões associadas ao concreto é a produção de cimento com menor emissão de CO₂. Isso pode ser feito substituindo parte do clínquer (o principal componente do cimento tradicional) por materiais alternativos, como escória de alto-forno, cinzas volantes e argilas ativadas. Esses materiais não apenas reduzem a quantidade de CO₂ gerado na produção do cimento, mas também podem utilizar resíduos industriais, promovendo a economia do baixo carbono.
Concreto com Captura de Carbono: Tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CAC) estão sendo incorporadas na produção de concreto, onde CO₂ é capturado durante a fabricação e incorporado ao próprio material, em vez de ser liberado na atmosfera. O concreto carbonatado, por exemplo, pode absorver CO₂ durante o processo de cura, ajudando a reduzir as emissões líquidas.
Concreto de Alto Desempenho: Outro caminho é o uso de concretos de alto desempenho que, apesar de requererem maior controle em sua produção, demandam menos material para alcançar as mesmas qualidades estruturais, o que, por sua vez, resulta em menores emissões de CO₂. O uso de concretos mais duráveis também pode reduzir a necessidade de manutenção e reconstrução, prolongando a vida útil das infraestruturas.
Tecnologia de Impressão 3D: A impressão 3D está se consolidando como uma inovação que pode transformar a construção civil. Ao utilizar o concreto de maneira mais precisa e eficiente, as impressoras 3D podem reduzir o desperdício de material e a energia consumida nas obras. Isso não só diminui as emissões de CO₂, mas também acelera os processos de construção, permitindo edificações mais sustentáveis.
A Novakem vem desenvolvendo através de seu portfólio de produtos inovativos soluções em aditivos de moagem funcionais NVK para viabilizar os cimentos de baixo carbono, além de comercializar novas moléculas em aditivos dispersantes tipo superplastificantes como o Hyperkem e Hybrid K, utilizados para a produção de concreto de alto desempenho e assim contribuir para a redução das emissões de carbono na construção civil. As tecnologias disruptivas como métodos de impressão 3D e concreto com captura de carbono são projetos em plataformas que inovação das quais a Novakem participa e contribuí ativamente através do Hubic e seus parceiros internacionais como a Carbon Cure.
Essas inovações tecnológicas representam um avanço crucial no sentido de reduzir as emissões da construção civil, um setor tradicionalmente impactante em termos de pegada de carbono. Implementar essas soluções em larga escala será um passo importante para atingir as metas climáticas globais e garantir um futuro mais sustentável.
O Papel da COP29 e da Participação da Sociedade Civil
A COP29 representa um ponto de inflexão. Para que o mundo cumpra suas promessas de redução dos gases de efeito estufa, é fundamental que todos os setores da sociedade — governos, empresas, organizações não governamentais e cidadãos — se comprometam com ações concretas. Durante a COP29, espera-se que os países revisem e atualizem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com metas mais ambiciosas para 2030.
Um dos maiores desafios dessa conferência será garantir que as promessas não se limitem a discursos, mas que haja compromissos financeiros e políticas públicas eficazes. O financiamento climático, tanto para mitigação quanto para adaptação, é essencial. Estima-se que será necessário investir cerca de 5 trilhões de dólares por ano até 2030 para garantir que o mundo siga em direção a um futuro sustentável. Parte dessa responsabilidade recai sobre os países mais ricos, que historicamente têm sido os maiores emissores de gases de efeito estufa.
Ademais, o papel da sociedade civil não pode ser subestimado. Organizações, ativistas, cientistas e a mídia têm um papel crucial na pressão por ações mais ambiciosas. A COP29 precisa ser um espaço para a troca de soluções inovadoras e a inclusão de vozes que representem as populações mais vulneráveis, que são as mais afetadas pelas mudanças climáticas.
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